domingo, 30 de junho de 2013

CAPA DA MIRANTE N° 78 (JULHO, AGOSTO E SETEMBRO DE 2012)


coluna: OUVI CONTAR (Mirante n°78)

Que o escritor Nelson Rodrigues era fanático pelo Fluminense, time carioca. Nos anos 60, numa mesa redonda esportiva, da TV Globo, onde os integrantes da mesa discutiam com paixão de torcedor, Nelson Rodrigues, fluminense fanático, insistiu em afirmar que o juiz Airton Vieira de Moraes estava certo em não assinalar um pênalti contra o time tricolor. O apresentador  Luiz Mendes, pediu para que o vídeo tape da partida fosse rodado. A imagem comprovava que o pênalti havia sido cometido contra o    Fluminense. A resposta de Nelson entrou para a história:  “Se o vídeo diz que foi pênalti, pior para o videoteipe. O videoteipe é burro.”

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Centro da Mirante 78


NIKA TURBINA (texto publicado na Mirante n° 78)

NIKA TURBINA
A HISTÓRIA DE UM VOO


Nika      Georgievna      Turbina, nascida  em  Yalta, na Crimeia (hoje   Ucrânia),    em   17    de dezembro   de  1.974,  neta  do poeta    e     prosador    Anatoly Nikanorkin,  foi uma espécie de criança  prodígio,  e segundo  a lenda  familiar,  compôs  versos aos   três  anos,   mesmo   sem saber  escrever   e   recitava-os para  sua   mãe.  E  através  do escritor     Julian      Semyonov,    o    qual   ao    ler   os    versos,   ligou     para     o     editor      de Komsomolskaya  Pravda,  afir- mando    que    descobrira   um verdadeiro     poeta    russo    e  Nika    teve    alguns     poemas publicados.
Em consequência, no ano seguinte, na casa de Boris Pasternak (o autor de Doutor Jivago), ela foi apresentada  ao poeta russo Yevgenij Yevutschenko, o qual não resistindo ao encanto daquela pequena criatura lendo seus poemas, tratou  de divulgá-los aos seus conhecidos. O poeta fez também o prefácio do primeiro livro de Nika Turbina, publicado em 1.984, denominado Primeiro Objeto. Uma gravação de suas recitações vendeu mais de 30 mil cópias. Nessa época, aos oitos anos, declarou: "A poesia não tem idade, e escrevo para todas as pessoas". 
Em 1.985, ano em que  Mikail Gorbachov então presidente introduziu  a Perestroika, uma das políticas na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, Nika recebeu em Veneza o Leão de Ouro pelo Festival da Poesia, tornando-se a segunda poetisa russa a ganhar o prêmio. A primeira fora a consagrada Anna Akhmatova.
Para coroar todo este precoce êxito, aos doze anos, em 1.986, fez visita aos Estados Unidos, tornando seu nome conhecido além da fronteira de seu país.
O segundo livro de Nika chamado na tradução “Para cima, para baixo, passos, passos...” apareceu em 1.991, ao mesmo tempo em que seus textos iam sendo traduzidos para outros países. Em Moscou, Nika Turbina participou de cursos no Instituto de Cinematografia e do Instituto de Cultura, atuando em alguns filmes.
Ao ingressar na adolescência, Nika caiu em grave crise depressiva. Entrando em conflito com sua mãe, que havia casado novamente e tivera uma filha, a poeta começou a beber vodka  e sua poesia definhou. Em 1.990, aceitou o convite de casamento feito por um médico suíço, de origem italiana, de 76 anos, indo morar com ele na Suíça. O casamento não durou meio ano e Nika regressou a Moscou.
No ano de 1.997 tentou o suicídio, jogando-se do quinto andar de um edifício, sofrendo ferimentos graves, os quais a obrigaram a muitas operações cirúrgicas. No entanto, em 11 de maio de 2.002, aos vinte e sete anos, sua outra tentativa deu certo. Nika atirou-se do quarto andar da casa onde morava. Teve seu corpo cremado e sua professora de Arte Dramática, conseguiu que suas cinzas fossem depositadas no cemitério mais conceituado de Moscou. O jornal soviético, Isvetzia, publicou uma pequena nota de falecimento.


D0LL

Eu sou como uma boneca quebrada
No meu peito esqueceram
De colocar um coração
E o deixaram sozinho
Em um cantinho obscuro
Eu sou como uma boneca quebrada
Uma vez ouvi pela manhã
Um sonho murmurar calmamente para mim
“Sonhe, minha querida, sonhe por muito tempo
Os anos irão passar
E quando você acordar
As pessoas irão querer
Tomá-las em seus braços novamente
Envolver você e em um simples embalo
O seu coração recomeçara a bater...”
Mas é muito assustador ter que esperar


UM PÁSSARO MADRUGADOR

Tenha piedade, deixe-me partir
Não amarre as minhas asas feridas
Eu não voo mais
Minha voz partir-se com a dor
Minha voz tornou-se uma ferida
Eu não choro mais.
Ajude-me, espere!
Outono.
Os pássaros estão voando para o sul
Apenas o meu coração foi oprimido pelo medo
Solidão – um amigo da morte.

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TEXTO -  VALDIR ALVARENGA

POEMAS -  TRADUÇÃO DO INGLÊS POR LUCIANA ALMEIDA