domingo, 30 de junho de 2013
coluna: OUVI CONTAR (Mirante n°78)
Que o escritor Nelson Rodrigues era fanático pelo
Fluminense, time carioca. Nos anos 60, numa mesa redonda esportiva, da TV
Globo, onde os integrantes da mesa discutiam com paixão de torcedor, Nelson
Rodrigues, fluminense fanático, insistiu em afirmar que o juiz Airton Vieira de
Moraes estava certo em não assinalar um pênalti contra o time tricolor. O
apresentador Luiz Mendes, pediu para que
o vídeo tape da partida fosse rodado. A imagem comprovava que o pênalti havia
sido cometido contra o Fluminense. A
resposta de Nelson entrou para a história:
“Se o vídeo diz que foi pênalti, pior para o videoteipe. O videoteipe é burro.”
segunda-feira, 24 de junho de 2013
NIKA TURBINA (texto publicado na Mirante n° 78)
NIKA TURBINA
A HISTÓRIA DE UM
VOO
Nika Georgievna Turbina, nascida em
Yalta, na Crimeia (hoje
Ucrânia), em 17
de dezembro de 1.974,
neta do poeta e
prosador Anatoly
Nikanorkin, foi uma espécie de
criança prodígio, e segundo
a lenda familiar, compôs
versos aos três anos,
mesmo sem saber escrever
e recitava-os para sua
mãe. E através do escritor Julian
Semyonov, o qual
ao ler os
versos, ligou para
o editor de
Komsomolskaya Pravda, afir- mando
que descobrira um verdadeiro poeta
russo e Nika
teve alguns poemas publicados.
Em consequência, no ano seguinte,
na casa de Boris Pasternak (o autor de Doutor Jivago), ela foi apresentada
ao poeta russo Yevgenij Yevutschenko, o qual não resistindo ao encanto daquela
pequena criatura lendo seus poemas, tratou de divulgá-los aos seus
conhecidos. O poeta fez também o prefácio do primeiro livro de Nika Turbina,
publicado em 1.984, denominado Primeiro Objeto. Uma gravação de suas
recitações vendeu mais de 30 mil cópias. Nessa época, aos oitos anos, declarou:
"A poesia não tem idade, e escrevo para todas as pessoas".
Em 1.985, ano em que Mikail
Gorbachov então presidente introduziu a Perestroika, uma das políticas na União das Repúblicas Socialistas
Soviéticas, Nika recebeu em Veneza o Leão de Ouro pelo Festival da
Poesia, tornando-se a segunda poetisa russa a ganhar o prêmio. A primeira fora
a consagrada Anna Akhmatova.
Para coroar todo este precoce
êxito, aos doze anos, em 1.986, fez visita aos Estados Unidos, tornando seu
nome conhecido além da fronteira de seu país.
O segundo livro de Nika chamado
na tradução “Para cima, para baixo, passos, passos...” apareceu
em 1.991, ao mesmo tempo em que seus textos iam sendo traduzidos para outros
países. Em Moscou, Nika Turbina participou de cursos no Instituto de
Cinematografia e do Instituto de Cultura, atuando em alguns filmes.
Ao ingressar na adolescência,
Nika caiu em grave crise depressiva. Entrando em conflito com sua mãe, que
havia casado novamente e tivera uma filha, a poeta começou a beber vodka
e sua poesia definhou. Em 1.990, aceitou o convite de casamento feito por um
médico suíço, de origem italiana, de 76 anos, indo morar com ele na Suíça. O
casamento não durou meio ano e Nika regressou a Moscou.
No ano de 1.997 tentou o
suicídio, jogando-se do quinto andar de um edifício, sofrendo ferimentos
graves, os quais a obrigaram a muitas operações cirúrgicas. No entanto, em 11
de maio de 2.002, aos vinte e sete anos, sua outra tentativa deu certo. Nika
atirou-se do quarto andar da casa onde morava. Teve seu corpo cremado e sua
professora de Arte Dramática, conseguiu que suas cinzas fossem depositadas no
cemitério mais conceituado de Moscou. O jornal soviético, Isvetzia, publicou
uma pequena nota de falecimento.
D0LL
Eu sou como uma boneca quebrada
No meu peito esqueceram
De colocar um coração
E o deixaram sozinho
Em um cantinho obscuro
Eu sou como uma boneca quebrada
Uma vez ouvi pela manhã
Um sonho murmurar calmamente para mim
“Sonhe, minha querida, sonhe por muito tempo
Os anos irão passar
E quando você acordar
As pessoas irão querer
Tomá-las em seus braços novamente
Envolver você e em um simples embalo
O seu coração recomeçara a bater...”
Mas é muito assustador ter que esperar
UM PÁSSARO MADRUGADOR
Tenha piedade, deixe-me partir
Não amarre as minhas asas feridas
Eu não voo mais
Minha voz partir-se com a dor
Minha voz tornou-se uma ferida
Eu não choro mais.
Ajude-me, espere!
Outono.
Os pássaros estão voando para o sul
Apenas o meu coração foi oprimido pelo medo
Solidão – um amigo da morte.
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TEXTO - VALDIR ALVARENGA
POEMAS - TRADUÇÃO DO INGLÊS
POR LUCIANA ALMEIDA
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